domingo, 6 de setembro de 2015

Sobre o amor

Um certo dia
abri a porta
e a paixão entrou
impregnou minha alma
impregnou meus poros
devastou meus pensamentos
com tamanha intensidade
tomou a minha respiração
tirou meu sono
povoou meus sonhos
me inquietou
me fazendo querer mais e mais
me deixando sedenta de amor

outro dia
abri a porta de novo
e a paixão se transformou em amor
e esse amor foi e é tão intenso
que chega a doer no corpo
que clama por ele todos os dias
querendo mais e mais

espero outro dia
abrir a porta de novo
para ele entrar
e fazer desse dia
algo muito mais intenso
quando meu amor encontrar de novo
esse mesmo amor.

Para G.
15/07/2013


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sentidos

nada tenho para contar,
a não ser meu inconformismo tosco e
minha revolta muda.
nada tenho para provar,
a não ser meu apagar no tempo e
meu passado incerto.
nada tenho para ouvir,
a não ser meu grito frustrado e
minha contestação calada.
nada tenho para tocar,
a não ser meus traços que renego e
meu corpo que me aprisiona.
nada tenho para olhar,
a não ser minha ignorância de tudo e
e minha falta de visão das coisas.
nada tenho para sentir,
a não ser meu amargo fel e
minha ira (in)contida.

Falta

não falo porque
me falta o ar.
engasgo com os gritos que
não posso expressar.
escarro as palavras que
não ouso falar.
vomito as frases que
não quero gritar.
cuspo sussurros porque
me falta o ar.
mastigo os bramidos que
não consigo bradar.
engulo a fala porque
me falta o ar.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Silêncio

Silencio
Para não falar
Mas o falar insiste
Em se esboçar.
Retiro as palavras
Para não falar,
Mas as palavras persistem
Em se insinuar.
Reprimo a voz
Para não falar,
Mas a voz resiste
Em se pronunciar.
Renego o discurso
Para não falar,
Mas o falar obstina-se
Em se significar.

Minha angústia

Procuro a causa
De minha angústia
Fora de mim.
Busco incessantemente
Uma voz de denúncia
Para aplacá-la...
Fora de mim.
Renunciei ao corpo,
Renunciei ao gosto,
Para encontrá-la...
Fora de mim.
Renunciei ao rosto,
Renunciei aos outros,
Para apagá-la...
Fora de mim.
Renunciei à língua,
Renunciei à lida,
Para torná-la...
Fora de mim.
Tirei o corpo fora,
Fora da vida,
Fora dos amores,
Para amenizá-la...
Dentro de mim.
Procuro a origem
De minha angústia
Fora de mim.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Cantoria

Li hoje em um livro
Que cantar é usar
A voz da alma,
Que quando você canta
Você sopra um sopro de vida sobre a alma
Sopra sobre a vida que fenece.

Cantar é função restauradora.

Parei de cantar faz tempo.
Procuro na memória
As melodias que não vêm
Músicas já não as ouço mais.
Ouvi-las me enerva.
Perdi então o sopro
Dessa força vital.
Definho na minha tristeza.
Recolho-me na minha mudez.
Já não canto mais.

domingo, 21 de agosto de 2011

Amor

Num dia comum,
de tarefas comuns,
o amor tomou a solidão
e fez a vida
consumida,
exaurida,
algo de bom.
Confundiu meus sentimentos
de forma devastadora.
Inquietou minha mente,
atormentou meus sentidos,
despertou meu corpo subtraído
agora, sedento de amor.
Os dias comuns,
de tarefas comuns,
não serão mais iguais.

Para S.