Num dia comum,
de tarefas comuns,
o amor tomou a solidão
e fez a vida
consumida,
exaurida,
algo de bom.
Confundiu meus sentimentos
de forma devastadora.
Inquietou minha mente,
atormentou meus sentidos,
despertou meu corpo subtraído
agora, sedento de amor.
Os dias comuns,
de tarefas comuns,
não serão mais iguais.
Para S.
"é a própria alma que há que construir naquilo que se escreve." Foucault, 1992.
domingo, 21 de agosto de 2011
domingo, 14 de agosto de 2011
pelo avesso
sinto-me
só
impotente,
sem desejos,
sem sonhos.
não avanço,
não consigo,
perco o ânimo,
perco o sentido das coisas.
difícil exprimir este sentimento
de ausência,
de incompletude,
de algo doloroso e mudo.
uma condição de impedimento
que me faz suscetível,
que me aprisiona,
que me destrói e
que me corrói fundo.
essa ferida que nunca cura,
que nunca
sara.
Sinto-me
só.
só
impotente,
sem desejos,
sem sonhos.
não avanço,
não consigo,
perco o ânimo,
perco o sentido das coisas.
difícil exprimir este sentimento
de ausência,
de incompletude,
de algo doloroso e mudo.
uma condição de impedimento
que me faz suscetível,
que me aprisiona,
que me destrói e
que me corrói fundo.
essa ferida que nunca cura,
que nunca
sara.
Sinto-me
só.
luto
luto
da forma mais vã,
de luto assentido,
de choro contido.
luto
de um jeito esquisito,
introspectivo,
sem aparente lamento.
luto
de um modo des-dito,
impróprio e ordeiro,
sem nada alcançar.
luto
de uma maneira insana,
sem muito desvelo, em mea culpa,
sem muito gostar.
luto
de ausência e carência,
sem grandes desejos
que possam me justificar.
luto
de negro infinito,
em pranto escondido,
de lágrimas estiadas,
de silêncio profundo.
luto
a morte não pranteada,
de choro contido,
entristecido, porém reprimido,
sem tempo de pesar.
luto
para não mais lutar.
da forma mais vã,
de luto assentido,
de choro contido.
luto
de um jeito esquisito,
introspectivo,
sem aparente lamento.
luto
de um modo des-dito,
impróprio e ordeiro,
sem nada alcançar.
luto
de uma maneira insana,
sem muito desvelo, em mea culpa,
sem muito gostar.
luto
de ausência e carência,
sem grandes desejos
que possam me justificar.
luto
de negro infinito,
em pranto escondido,
de lágrimas estiadas,
de silêncio profundo.
luto
a morte não pranteada,
de choro contido,
entristecido, porém reprimido,
sem tempo de pesar.
luto
para não mais lutar.
sábado, 16 de julho de 2011
agoniada
angustiosa agonia
de uma angustiada
utopia
agoniada angústia
de uma agoniante
apatia
incestuosa incerteza
de uma incessante
avareza
domesticada postura
de uma domesticante
cultura
degradada fartura
de uma degradante
usura
cordial harmonia
de uma cordialidade
vazia.
irracional servilia
de uma irracionalidade
tardia.
duo
dois corpos
nus e vestidos
dois corpos
fiéis e traídos
dois corpos
saciados e famintos
dois corpos
infectos e nutridos
dois corpos
nascendo e se destruindo
dois corpos
se bastando e se consumindo
dois corpos
chorando e sorrindo
dois corpos
predestinados e se repetindo
dois corpos
negando e se assumindo
domingo, 12 de junho de 2011
quase nada
Vou ao encontro do nada,
perambulo,
e me destruo.
Vou buscando o prazer,
me enojo,
e desanimo.
Vou procurando ter tudo,
me corrompo,
e me violento.
Vou andando sem rumo,
me perco,
e me altero.
Vou errando no mundo,
abuso,
e me desespero.
angústia
um grito mudo
calado sofrido
irado:
paro.
um berro contido
rouco reprimido
oprimido:
travo.
um uivo agudo
aflito atormentado
angustiado:
calo.
domingo, 5 de junho de 2011
negraria
negro pretume de
preto negrume
negra negrura de
preta pretura
preto negror de
negro pretor
negro negrume de
preto pretume
preto pretor de
negro negror
negra pretura de
preta negrura
preto negrume
negra negrura de
preta pretura
preto negror de
negro pretor
negro negrume de
preto pretume
preto pretor de
negro negror
negra pretura de
preta negrura
life
vou
teço caminhos
piso em espinhos
tropeço, caio
e me ergo.
vou
trago misérias
absorvo penúrias
engulo, rumino
e vomito.
vou
verto rancores
sorvo dores
cedo, hesito
e evito.
vou
estanco mágoas
dissipo lágrimas
canso, desisto
e grito:
that’s life!
ressonância
estamos sempre subterrâneos,
retidos nos porões,
jogados no esquecimento.
na memória da amnésia
vivemos
soterrados,
afundados,
num terreno movediço,
submetidos, subjugados...
com marcas profundas.
por mais que se faça alarde
por mais que.
gritamos sem eco,
num vazio vasto,
num rumor passivo,
numa covardia de bravos.
sem ressonância para.
sem coragem para.
sem ter forças para.
despojados e à deriva.
como algo no meio do nada.
como nada
no meio de.
sábado, 4 de junho de 2011
algo
Tenho algo escondido dentro de mim
Tenho algo entranhado dentro de mim
Tenho algo destroçado dentro de mim
Tenho algo malsão dentro de mim
Tenho algo vazio dentro de mim
Tenho algo nefasto dentro de mim
Tenho algo espúrio dentro de mim
Tenho algo indócil dentro de mim
Tenho algo de ferida dentro de mim
Tenho algo de náusea dentro de mim
Tenho algo de fel dentro de mim
Tenho algo de asco dentro de mim
Tenho algo de amargurado dentro de mim
eu
eu
senhor de mim mesmo
numa insegurança incômoda
de degredo.
eu
senhor de mim mesmo
numa sensação agoniada
de desprezo.
eu
senhor de mim mesmo
num silêncio traumático
de desterro.
eu
senhor de mim mesmo
numa amargura convulsionada
de desacerto.
eu
senhor de mim mesmo
num desassombro atormentado
de desapego.
eu
senhor de mim mesmo
numa recusa intolerável
de desapreço.
que me importa
que me importa que te ferres
que me importa que te danes
que me importa que te percas
que me importa que te cales
que me importa que te estrepes
que me importa que te firas
que me importa que te iludas
que me importa que te acabes
que me importa.
vida noir
negras figuras
um murro na boca da fome.
negras rasuras
um soco na boca do vício.
negras ranhuras
uma porrada na cara do atraso.
negras fissuras
um pontapé na cara da miséria.
negras fraturas
uma pancada no meio da falta.
negras rupturas
um chute no meio do nada.
um murro na boca da fome.
negras rasuras
um soco na boca do vício.
negras ranhuras
uma porrada na cara do atraso.
negras fissuras
um pontapé na cara da miséria.
negras fraturas
uma pancada no meio da falta.
negras rupturas
um chute no meio do nada.
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